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16 janeiro 2013

Busca das causas e persistência do absoluto na Física


É interessante notar que a prática científica não está isenta de absoluto e, portanto, de teologia e/ou de metafísica. Para Augusto Comte, isso é péssimo, pois deturpa o espírito positivo e dificulta não apenas a compreensão da ciência como, de modo mais importante, dificulta a compreensão da realidade. Evidentemente, tal situação é perfeitamente passível de correção, por meio da adoção do relativismo e da perspectiva humana e histórica (logo, subjetiva).
Em outros trechos Comte indicou a permanência dos hábitos mentais absolutistas na Matemática; na citação abaixo ele refere-se à Física.

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“De vaines protestations habituelles, mal empruntées à Bacon, semblent y indiquer une sérieuse renonciation à la recherche des causes, pour vouer la science à la seule découverte des lois. Mais ce langage, même sincère, n’y sert, le plus souvent, qu’à dissimuler une irrationnelle tendance aux notions absolues. L’anarchie ne saurait jamais suffire ni durer, en science guère plus qu’ailleurs. Quels que soient ses désirs d’émancipation totale, l’esprit moderne reviendra, sous de nouvelles formes, au régime métaphysique, tant qu’il n’aura point accepté la nouvelle discipline philosophique qui surgit aujourd’hui de toute l’évolution positive” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 521).

31 outubro 2012

Permanência do espírito absoluto disseminando o ateísmo

O espírito absoluto que reinava - e, a bem da verdade, ainda reina - nas ciências naturais faz delas um âmbito privilegiado para o desenvolvimento do ateísmo. Ora, o ateísmo é uma forma de teologia, embora pela via negativa: rigorosamente, o ateísmo nega a única resposta possível ("deus") para a pergunta que continua fazendo ("quem, ou o quê, criou o universo?"). 

A perspectiva relativa, ou positiva, é deixar de lado tal gênero de indagações: em vez de negar a única resposta possível, deve-se deixar de lado a própria pergunta; o tipo de raciocínio desenvolvido na pergunta teológica ("por quê?"; a investigação das causas) deve ser substituído pelo tipo de raciocínio próprio à positividade e à relatividade ("como?"; a investigação das relações entre os fatos observáveis, ou seja, das leis).

Assim, a manutenção do espírito absoluto nas ciências naturais de uma única vez apresenta três conseqüências nefastas: mantém as investigações de caráter teológico, estimula o ateísmo e, por fim, rejeita o espírito relativo e positivo.

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“C’est là surtout que réside l’athéisme proprement dit, plus hostile aujourd’hui à la vraie philosophie qu’aucun autre théologisme, comme l’explique mon Discours préliminaire. Le matérialisme y puise aussi ses principales forces intellectuelles, quoique la biologie dévellope davantage ses dangers moraux” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 456).

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Tradução para o português:


"É sobretudo aí que reside o ateísmo propriamente dito, mais hostil hoje à verdadeira filosofia que qualquer outro teologismo, como o explica meu Discurso preliminar. O materialismo possui aí suas principais forças intelectuais, ainda que a Biologia desenvolva mais seus perigos morais" (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 456).